Por Fabio Muniz da BaseDoze Consultoria Estratégica
A diferença entre a prevenção de perdas com foco na gestão de estoque e a cultura de prevenção e segurança patrimonial está na abordagem e no escopo das ações voltadas para a proteção de bens e a redução de perdas. Historicamente, no Brasil, a prevenção de perdas foi amplamente associada à segurança patrimonial, com um foco exclusivo na proteção física dos bens, como produtos, mercadorias e ativos contra furtos, danos ou deterioração. Essa visão restrita acabava não considerando aspectos mais amplos da gestão de perdas que envolvem também fatores operacionais, como a eficiência nos processos, o controle de estoques e a minimização de desperdícios.
Prevenção de perdas com foco na gestão de estoque envolve uma abordagem mais integrada e sistêmica. Aqui, a redução das perdas não se limita a evitar furtos, mas inclui a identificação e eliminação de ineficiências no ciclo de estoque, como quebras de produtos, erros de contagem, excesso de inventário, deterioração e obsolescência. A gestão de estoque foca na otimização dos processos, assegurando que o fluxo de mercadorias seja bem controlado, com o mínimo de perdas possíveis durante o processo de compras, armazenamento e vendas. Técnicas de controle, como inventários regulares, tecnologia de rastreamento e automação, são ferramentas utilizadas para minimizar perdas e melhorar a acuracidade das operações.
Por outro lado, a cultura de prevenção e segurança patrimonial está mais centrada na proteção física dos bens contra riscos externos, como furtos e vandalismo, bem como na proteção interna, para evitar ações fraudulentas de funcionários ou falhas em sistemas de segurança. No entanto, com o tempo, a visão brasileira evoluiu, e a cultura de prevenção de perdas passou a englobar uma gama mais ampla de atividades e estratégias, indo além da simples segurança patrimonial.
Cultura de prevenção de perdas no Brasil: Historicamente, muitas empresas no Brasil viam a prevenção de perdas de maneira limitada, associando-a quase exclusivamente à segurança patrimonial. Entretanto, essa percepção começou a mudar com o crescimento das operações comerciais e a busca por maior competitividade. Nos últimos anos, as empresas passaram a entender que a redução de perdas não se refere apenas ao controle de furtos ou danos físicos, mas também à eliminação de desperdícios em toda a cadeia de suprimentos e no processo de vendas. A preocupação com a gestão eficiente de estoques, o controle de perdas operacionais, como o desperdício de alimentos no setor supermercadista, ou a obsolescência no varejo, passou a ganhar relevância.
Além disso, a crescente adoção de tecnologias de monitoramento, sistemas de gestão empresarial (ERPs), inteligência artificial e automação tem permitido às empresas aprimorar a detecção de falhas nos processos e prevenir perdas de maneira mais eficaz.
Oportunidades de crescimento profissional: Essa evolução trouxe consigo novas oportunidades de crescimento profissional para os profissionais de prevenção de perdas. Hoje, áreas como gestão de estoque, auditoria operacional, gestão de risco e análise de dados estão mais integradas ao conceito de prevenção de perdas. Profissionais especializados em otimização de processos, controle de inventário, análise de causa raiz de perdas e desperdícios e até em gestão de sustentabilidade estão sendo cada vez mais valorizados, uma vez que a redução de perdas se tornou uma estratégia crucial para a rentabilidade e a eficiência das empresas.
Esses profissionais não só ajudam a reduzir custos diretamente, mas também contribuem para melhorar a experiência do cliente, já que estoques mais bem gerenciados garantem maior disponibilidade de produtos e, consequentemente, satisfação do consumidor. A prevenção de perdas, portanto, deixou de ser apenas um item de segurança e passou a ser um pilar estratégico dentro das empresas, gerando muitas oportunidades de carreira para aqueles que se especializam na área.
Em resumo, a mudança de mentalidade no Brasil sobre a prevenção de perdas reflete um amadurecimento das práticas empresariais, ampliando o conceito de segurança patrimonial para uma visão mais holística que inclui gestão eficiente de recursos, controle de estoques e a eliminação de desperdícios, criando um campo fértil para o desenvolvimento profissional.
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